Todos os dias encaro estrada até o trabalho, sempre acompanhado por música. Hoje esqueci o cartão de memória em casa e tive que ouvir as rádios de minha cidade.
Ligo na primeira, pagode. Ok, a rádio é estilo popular. Vamos avançar… Uma rádio religiosa, e depois uma tocando “sertanejo universitário”… Rádio jovem, já é de se esperar tocar coisas da moda. Passo em outra, jovem e mais focada em rock, pop e etc. Enfim…
Temos rádios pra quase todos os públicos e estilos musicais, falta de opção não é o problema. O problema é que todas elas compartilham algo em comum: Uma playlist de meia dúzia de músicas em shuffle (aleatoriamente) que se repete ad nauseum intercalando com no mínimo 5 a 10 minutos de (odiosos) comerciais a cada 3 minutos de música.
Como diabos querem que o público continue ouvindo rádio, agindo desta maneira?
“Rádios ganham dinheiro com comerciais, seu animal” você pode dizer. Sim, mas muitos são feitos pela própria rádio e diria que em uma hora de rádio (ou seja, 40 minutos de comerciais) eu poderia citar dois ou três que podem não ser para mim, mas que foram bem feitos, bem no estilo que toca seu público. O resto não passa do áudio de um comercial de TV que, com sorte, teve uma ou outra adequação para rádio e alguns jingles e piadinhas que causam um efeito “que p*rr@ é essa?” no ouvinte, muito desejável…
E é claro, assim como a teoria da Indústria Cultural prega, elas seguem tocando o que tá na moda, é o que se espera de rádios de cidades pequenas e médias, não critico. Gosto de praticamente todos os estilos musicais, só que quando todas as rádios tocam o mesmo ínfimo repertório dá raiva.
MP3 players, iPods e demais aparelhos nos dão a liberdade de ouvir o que queremos, mas não é todo mundo que tem tempo de atualizar suas músicas direto e chega uma hora que por mais que gostemos delas, o saco enche. E ligamos o rádio, seja pra dar uma variada, como pra conhecer músicas novas e ouvir notícias. Aí ficamos pulando de rádio em rádio até dar a sorte de ouvir 2 minutinhos de uma música ou programa bom. Talvez seja uma das razões que só deixam as mesmas músicas da moda: Público infiel, mas que não se tornou infiel da noite pro dia…
É louvável iniciativas de rádios segmentadas em grandes cidades, focadas em um único estilo musical ou época, ou de notícias como a CBN, BandNews FM e a rádio Sul América Trânsito. Isso é inviável pra minha cidade no momento, mas custa ter um pouquinho de bom senso e montar uma playlist variada? Custa, ao montar um comercial, ter o mínimo de consideração com o anunciante? Custa tanto assim, ao receber um spot LIXO de uma agência, tentar conversar com a mesma afim de aperfeiçoá-lo e adaptá-lo melhor a rádio?
Uma previsão pessoal é a de que com a popularização da internet móvel e com a sofisticação de nossos carros, em breve ouviremos rádios online, de qualquer lugar do mundo, qualquer estilo. E aí meus amigos, a concorrência é com peixe de tudo quanto é tamanho e do jeito que tá vocês vão quebrar mais rápido que cristal na mão de criança.
Ah, lembrei que não adianta avisar, tentar ajudar que por aqui reina a política da boa vizinhança, em que egos são feridos com uma pequena observação ou crítica, por mais educada e coerente que seja. E que o negócio é dar as mãos, se abraçar e tirar fotos pra sites e publicações que ninguém lê. Um fingindo de lá e outro de cá, e assim vamos indo, afinal, se tá dando dinheiro e ‘status’ sem esforço até agora, pra que mudar né?
E lembro, claro, das pessoas que conheço que gostam de rádio e lutam todos os dias para fazer um bom trabalho, mas são limitados por “ordens de cima” ou falta de comprometimento geral do veículo, afinal uma andorinha não faz verão. A estes, meu profundo respeito e votos de um futuro melhor.
E que um dia eu possa esquecer de vez o cartão de memória em casa.